Em clima de ceticismo, Coréias fazem cúpula no fim de agosto

SEUL - As Coréias do Sul e do Norte anunciaram na quarta-feira sua primeira reunião de cúpula em sete anos, mas críticos viram nisso um fato da política doméstica e dizem que dificilmente o encontro ajudará a mobilização internacional pelo desarmamento nuclear norte-coreano.

A reunião de 28 a 30 de agosto será apenas a segunda entre os líderes dos dois países divididos desde o final da Segunda Guerra Mundial e tecnicamente ainda em guerra.

Ambos os lados demonstraram total otimismo no anúncio simultâneo da surpreendente cúpula, a ser realizada em Pyongyang, capital do Norte, com a presença do presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, e do líder comunista norte-coreano, Kim Jong-il.

"Vai ajudar as relações intercoreanas e dar novo impulso para melhorar as relações internacionais da Coréia do Norte", disse Roh, segundo seu porta-voz, que citou também as discussões pelo desarmamento nuclear.

Haverá discussões preparatórias em Kaesong, um pólo industrial que fica na Coréia do Norte, perto da fronteira, e é mantido com dinheiro sul-coreano. Ali perto fica também a vigiadíssima zona-tampão que há mais de 50 anos divide a montanhosa península da Coréia.

Depois da guerra que levou à divisão (1950-53), as duas Coréias nunca firmaram um tratado de paz, apenas um armistício.

Pyongyang fez sua primeira movimentação significativa aos apelos da comunidade internacional ao desativar seu reator nuclear, fonte de material para bombas atômicas. A desativação estava prevista no acordo deste ano da Coréia do Norte com cinco potências mundiais e regionais (EUA, China, Rússia, Japão e Coréia do Sul) reunidas em Pequim.

Mas analistas dizem que será quase impossível convencer a paranóica Coréia do Norte a abandonar totalmente suas armas nucleares, pois para isso Pyongyang exige que os EUA retirem seus quase 30 mil soldados estacionados na Coréia do Sul.

A China ("quase" aliada da Coréia do Norte) e os EUA elogiaram o anúncio da cúpula. "Isso se adequa aos interesses fundamentais dos 70 milhões de pessoas na península, e também beneficia a paz e a estabilidade", disse um porta-voz da chancelaria chinesa.

Mas, segundo o especialista em Coréia do Norte Brian Myers, da Universidade de Dongseo, "a cúpula não vai contribuir para a resolução da questão nuclear de forma alguma".

Lee Dong-bok, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais em Seul, também vê pouco impacto da cúpula em relação às conversas sobre desarmamento.

"A cúpula parece ter mais ligação com a eleição presidencial da Coréia do Sul em dezembro. A sobrevivência do governo de esquerda na Coréia do Sul também é uma questão fundamental para a Coréia do Norte", disse.

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Postado por: Bruno Ivan Vieira

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